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17 anos a servir Poesia à Mesa em S. João da Madeira

Atualizado: 27 de fev. de 2019


Silêncio que se vai declamar poesia! Há 17 anos que os sanjoanenses estão habituados a ouvir, onde e quando menos se espera, palavras dos poetas a serem ditas de forma declamada, cantada, exposta, trabalhada, conversada e até pendurada na corda. É a Poesia à Mesa, que está de regresso a S. João da Madeira para mais uma edição, entre 1 e 23 de março, num festival que divulga e homenageia os poetas e as suas obras, através de ações locais e contextos poucos habituais, aumentando o gosto pela poesia e estimulando os hábitos de leitura da população, bem como envolvendo-os na iniciativa.

Com o mês de março à porta, a programação da Poesia à Mesa 2019 foi apresentada, esta segunda-feira, 25 de fevereiro, nos Paços da Cultura. O presidente da Câmara Municipal, Jorge Sequeira, começou por destacar a programação que considere ser "um luxo", inserida num festival literário "importantíssimo no panorama nacional". E nesse sentido, considera essencial que a autarquia olha para ele sempre com o intuito de o ver crescer ainda mais. Para o edil sanjoanense, "aproximar as pessoas da poesia é aproximar as pessoas do belo, da paz, da estética, cultivar a civilização e a cultura". E foi mais longe ao afirmar que "é mais importante do que pavimentar uma estrada ou fazer uma obra de betão", visto que se está a "investir na formação e qualificação das pessoas". Segundo o edil sanjoanense este festival tem a particularidade de "tirar a poesia da redoma e levá-la às pessoas e aos sítios mais improváveis", onde estão a fazer as suas atividades diárias, realçando que se trata de "uma coisa que só acontece em S. João da Madeira".


Esta edição tem como novidade a poesia no TUS e no Centro de Saúde


Nesta apresentação, Jorge Sequeira não quis deixar de elogiar o trabalho desenvolvido por Paulo Condessa, um dos responsáveis pelo sucesso desta iniciativa, que este ano apresenta algumas novidades. Para além dos restaurantes, cafés , teatros, fábricas, escolas, mercado, este ano a poesia vai invadir os autocarros do TUS e o Centro de Saúde.

"Vamos levar poesia ao TUS, seguindo o exemplo do que já fizemos com a música na Semana da Juventude", referiu o autarca sanjoanense, ficando a cargo da CERCI e da Universidade Sénior a dinamização deste momento, nos dias 19 e 21 de março. Não deixou também de destacar a declamação de poesia no Mercado Municipal, a 23 de março, pelas 10h00, um dos locais que considera como um dos sítios "onde as pessoas se encontram", permitindo assim que a poesia vá até "ao sítio onde elas se cruzam".

Mas a grande novidade é o facto de haver poesia no Centro de Saúde, "onde os nossos médicos vão passar receitas poéticas", seguindo a máxima de que a poesia "é terapêutica para quem lê, dá prazer, cria pontes e estende-se para além da sua dimensão literária", refere a organização. Dias 13 e 20 de março haverá espaço para duas intervenções poéticas com Paulo Condessa, que considera que a poesia "também ajuda a curar a alma".


"Vem aí um mês de março em que todos, sem exceção, podem vibrar com a Poesia à Mesa" - Jorge Sequeira


A edição deste ano da Poesia à Mesa arranca já esta sexta-feira, 1 de março, num mês que promete muita poesia dos poetas homenageados, Adília Lopes, Almeida Garret, Ana Paula Inácio, Carlos Tê, Ondjaki e Sidónio Muralha. Como aconteceu nas outras edições, e de forma a que se possa desfrutar melhor a poesia, as casas aderentes vão ter toalhetes de mesa, bases de chávenas, sacos de pão, aventais e lápis, onde estão impressas as palavras destes poetas que, assim, invadem restaurantes, cafés, bares, padarias e comércio em geral em S. João da Madeira.

Da programação o destaque vai para o espetáculo de abertura, já na próxima sexta-feira, na Casa da Criatividade, pelas 22h00. Lisbon Poetry Orchestra é um coletivo multidisciplinar formado por um núcleo de quatro músicos, atores, diseurs, performers, vídeo artistas, gráficos, ilustradores e designers de suportes digitais para celebrar e interpretar a poesia numa viagem verdadeiramente única, à descoberta e reinvenção da palavra dita. A 16 de março sobe ao palco dos Paços da Cultura Nicolau Santos, o Quarteto Manuel Lourenço e Cláudia Franco, com o espetáculo "Poesia & Jazz", pelas 22h00, num momento de declamação com uma base musical de ambiente jazzístico.

Um dos momentos altos do evento acontece a 22 de março, com a Peregrinação Poética,que este ano aposta no regresso às ruas do centro da cidade, com início e fim na Biblioteca Municipal. Caso o estado do tempo não permita, Patrícia Correia garantiu que já estão a estudar uma alternativa.

Adolfo Luxúria Canibal, vocalista e fundador da banda Mão Morta, irá juntar a sua voz às performances dos grupos poéticos da cidade. APROJ, Associação Luís Lima e Fugas Poéticas, CERCI, Ecos Urbanos, TOJ e Universidade Sénior interpretaram sob a coordenação de Paulo Condessa e José Fanha e a animação de rua a cargo dos Anima Dixie, uma banda já conhecida e habituada a estas andanças. No dia seguinte é a vez do Serão Poético, pelas 22h00, na Casa da Criatividade.

A atriz e encenadora São José Lapa e o guitarrista e compositor, Mestre António Chaínho, sobem ao palco, num serão desprovido de formalidades, conduzido pelo poeta José Fanha e o performer Paulo Condessa. A música e a poesia ganham forma na pureza do dedilhado do embaixador da guitarra portuguesa e na emoção das palavras da atriz.

O evento conta ainda com outros destaques, como a tradicional Poesia na Corda, num repto que é lançado à população, para que participe com poemas escritos por si e os pendure em estendais, que este ano se estendem para além da Praça Luís Ribeiro, e entrando no centro comercial 8ª Avenida, numa surpreendente cúpula geodésica.

A Poesia à Mesa 2019 contará ainda com o espetáculo vocacionado para o público escolar, "O Copo - poesia de entretenimento científico", com Nuno Moura e Paulo Condessa, a 19 de março, na Casa da Criatividade, e "Entre Estrelas e Estrelinhas", com José Fanha e Daniel Completo, no auditório dos Paços da Cultura, a 20 de março. No palco do 8ª Avenida, na manhã de 16 de março haverá experiência de animação poética, sobretudo para os mais novos, com a ajuda dos alunos das escolas da cidade.

Da programação consta ainda a inauguração da exposição de pintura e poesia de Adão Cruz, a 8 de março, na Biblioteca Municipal, local onde, a 21 de março, se realiza a Tertúlia dos Poetas Sanjoanenses.

Em paralelo e para um público específico, entre 11 e 15 de março decorrem as Oficinas Poéticas nas Escolas, a Poesia na Fábrica, entre 18 e 22 de março, com as empresas aderentes e as declamações nos restaurantes, de 16 a 23 de março.

"Está tudo preparado para um mês de grande atividade poética em S. João da Madeira", concluiu o presidente da Câmara, na apresentação do evento.


"É preciso sentir e colorir as palavras" - Mariana Amorim, psicóloga da CERCI, e responsável do Voz Atrevida, um dos grupos poéticos sanjoanenses


Com a Poesia à Mesa desenvolveram-se novos projetos em torno da declamação e da forma de dizer as palavras dos poetas. "Voz Atrevida" é um desses projetos que surge com o repto lançado pela organização à CERCI de S. João da Madeira. Para muitos parecia ser uma utopia, mas, para Mariana Amorim, psicóloga da instituição, a questão colocada perante o convite foi, "e porque não?" Admite que haja quem pense que "a poesia não é para todos. Mas a Poesia à Mesa tem-nos ajudado a consolidar esta certeza de que a poesia chega a todos", refere.

Mas, segundo a psicóloga, o mote que conduziu à decisão de avançar com o projeto está na base daquilo que se possa pensar sobre "o que são as palavras senão um conjunto de letras juntas?". Nesse sentido, "é preciso sentir e colorir as palavras", garantindo que é isso que fazem na "Voz Atrevida". "Trabalhamos a expressão das palavras para que nos liguem entre nós, para que cheguem a quem nos vem ouvir e ver", afirma. Mariana Amorim considera que a poesia "tem o poder de chegar mais perto do coração, despoletar emoções, e por isso facilitar aprendizagens".

Considera que todos juntos conseguem desfazer o preconceito de que a poesia "não é um bicho papão, mas sim um bicho brincalhão", agradecendo o trabalho que Paulo Condessa faz junto dos utentes da CERCI, surgindo como "um facilitador desta desconstrução, deste virar do avesso das palavras", frisou.

A participação da CERCI este ano conta com 14 pessoas que irão declamar poesia no TUS, nos restaurantes e na Peregrinação Poética. "Vamos orgulhosamente fazer arte no imenso palco da nossa cidade. O que é a arte senão tudo aquilo que nós sentimos e criamos na CERCI de S. João da Madeira", concluiu.

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