Nas comemorações do 110º aniversário da abertura da Linha do Vale do Vouga, que decorreram, a 23 de novembro, no Europarque, em Santa Maria da Feira, os autarcas das Terras de Santa Maria apelaram ao Governo para a reabilitação da linha e consequente ligação ao Porto, tendo ficado apenas a garantia, da parte da Infraestruturas de Portugal (IP), que esta seria renovada, mas em via estreita, tal e qual como ela está atualmente. Dois meses depois e após a argumentação apresentada pela Associação de Municípios das Terras de Santa Maria (AMTSM), apelando e fundamentando o investimento na renovação da linha, surge agora a promessa de que até 2025 a linha do Vouga será requalificada, havendo 75 milhões de euros disponíveis para executar a obra.
Joaquim Jorge, Presidente da Associação de Municípios de Terras de Santa Maria, em declarações à Lusa assumiu a sua “enorme satisfação” por ver o Governo reconhecer a importância da Linha do Vouga ao inclui-la no Programa Nacional de Investimentos até 2030, mas calendarizando a sua modernização especificamente entre 2021 e 2025. Esta é a obra pela qual andamos a lutar há várias décadas”, afirmou o líder da associação que representa os concelhos de Arouca, Espinho, Oliveira de Azeméis, Santa Maria da Feira, S. João da Madeira e Vale de Cambra.
Foi possível perceber que os próximos dois anos serão de planeamento técnico de uma obra que será seguramente exigente, no entanto Joaquim Jorge acredita que “é desta que vamos transformar a Linha do Vouga numa estrutura moderna, o que fará toda a diferença na mobilidade dos habitantes da região até ao Porto e também poderá ter consequências muito positivas ao nível da economia e do turismo”.
"É uma obra de inteira justiça para com os seis concelhos da região, dado o seu contributo para a economia nacional e para o Produto Interno Bruto do país" – Joaquim Jorge
Com as mudanças anunciadas a Linha do Vouga ficará dotada de circuitos mais rápidos, estações com melhor localização e carruagens novas, "que vai compensar largamente esses transtornos e garantir uma ligação eficiente do território da AMTSM ao coração da Área Metropolitana do Porto". Para Joaquim Jorge, trata-se, afinal, de "uma obra de inteira justiça para com os seis concelhos da região, dado o seu contributo para a economia nacional e para o Produto Interno Bruto do país".
Estudos apresentados no ano passado situavam as necessidades de investimento do troço da Linha do Vouga entre Espinho e Azeméis na ordem dos 95 ou 165 milhões de euros, consoante a requalificação da via priorizasse apenas o transporte de passageiros ou também o de mercadorias. Mesmo no primeiro cenário, o plano do Governo fica 20 milhões aquém do necessário, mas Joaquim Jorge defendeu que a diferença é um mal menor numa boa notícia.
E perante este novo cenário, a linha será sujeita a uma alteração da bitola métrica de via estreita para via larga, "indispensável para que a ferrovia possa integrar a Linha do Norte e viabilizar o acesso direto dos nossos 300.000 habitantes ao Porto, e a construção de um interface em Silvalde, para que quem usa o Vouguinha tenha ligação direta à estação de Espinho para seguir para o Porto ou para Lisboa sem ter que caminhar parte da cidade a pé, pela rua", disse Joaquim Jorge.
Recorde-se que o plano de investimento anteriormente anunciado pelo Governo era só referente à eletrificação do troço Espinho-Azeméis até 2021, automatização de passagens de nível e criação de um parque de material em Paços de Brandão. Mas, este novo plano "absorve" o anterior de 24 milhões que a Infraestruturas de Portugal havia apresentado em novembro.
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