A empresa Pietec - Cortiças S. A. pertencente ao grupo francês Oeneo, localizada na freguesia de Fiães, concelho de Santa Maria da Feira, é acusada pelo Bloco de Esquerda de estar a enganar o Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP). Em comunicado enviado à imprensa, a Comissão Coordenadora de Aveiro do Bloco de Esquerda alerta para o facto do IEFP puder "estar a ser usado pela Pietec e pelo grupo que a detém para ser uma espécie de entreposto de trabalho precário. Legitima estas práticas de despedir trabalhadores do quadro para depois fornecer os mesmos trabalhadores para condições de trabalho muito menos favoráveis para os mesmos", referem.
Recorde-se que em dezembro de 2018 a empresa extinguiu 41 postos laborais, alegando que iria desistir da produção desse tipo de rolhas, tendo na altura proposto aos trabalhadores que transitassem para uma anunciada unidade de produção de rolhas em microgranulado, mediante contratos novos com a promessa de manterem o vínculo de antiguidade à empresa, mas apenas se os abrangidos aceitassem o regime de laboração contínua. Essa posição motivou, na altura, um protesto que contou com a participação de Arménio Carlos, líder da CGTP, que apelou para que o despedimento coletivo fosse travado, e para que a empresa fosse chamada à razão e os trabalhadores fossem reintegrados. Entretanto, o Bloco de Esquerda vem agora denunciar o facto da empresa estar a recorrer ao IEFP, para recrutar desempregados, que diz estar a responder com o envio de "desempregados para serem entrevistados com vista ao seu recrutamento". E vão mais longe ao garantir que o IEFP tem enviado "ex-trabalhadores desta empresa, inclusivamente dois dos quais os ex-delegados sindicais, que foram abrangidos pelo recente despedimento coletivo perpetrado pela Pietec". Perante esta situação, o deputado Moisés Ferreira considera ser "ofensivo para os ex-trabalhadores, desmonta os argumentos da empresa que justificavam o despedimento coletivo e mostram como o objetivo foi sempre o de atentar contra a legislação laboral e contra os direitos dos trabalhadores, procurando dessa forma uma maior precarização do mercado de trabalho".
Na sequência desta denuncia, os responsáveis do Bloco de Esquerda esperam que, juntamente com outros argumentos já apresentados, que "o Governo e os organismos que tutela procedam a uma investigação a toda esta situação. Primeiro, sobre a veracidade dos factos que acabaram no despedimento coletivo de mais de 4 dezenas de trabalhadores na Pietec; segundo, sobre os argumentos que estão a ser utilizados para que a mesma Oeneo proceda agora a um despedimento coletivo na Piedade; terceiro, sobre o papel do IEFP em toda esta situação", exigem.
E concluem o seu comunicado alertando para as práticas deste grupo económico, que dizem que "devem ser devidamente auditadas porque estão a lesar o erário publico e a desrespeitar a legislação laboral e os direitos dos trabalhadores". A questão levantada pelo deputado Moisés Ferreira, eleito pelo círculo eleitoral de Aveiro, foi esta terça-feira endereçada ao Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social.
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