Foi aprovada, com os votos favoráveis da maioria PS, a obra de requalificação e revitalização da Praça Luís Ribeiro e ruas adjacentes, no valor de 2,5 milhões de euros, e que conta com o financiamento de 2,4 milhões. Nesta empreitada, apenas as intervenções na Rua Visconde e do Dourado não terão financiamento. Paulo Cavaleiro, vereador da coligação PSD/CDS-PP alega que "esta é uma matéria que tem dividido os dois partidos", e considera que se trata de "uma decisão estratégica que não deveria dividir as pessoas", lembrando que o projeto anterior tinha sido aprovado por unanimidade.
Recorde-se que o anterior executivo liderado por Ricardo Figueiredo já tinha apresentado um anteprojeto de revitalização da Praça, que na altura mereceu unanimidade na Câmara e que previa a criação de três parques de estacionamento, bem como o regresso do trânsito à Praça. Mas, com a entrada deste novo executivo o desenho foi alterado.
Paulo Cavaleiro afirma que o projeto praticamente retira o acesso automóvel à Praça, e lembra que “S. João da Madeira não é Lisboa ou Porto, que tem uma boa rede de transportes público e pode tirar os veículos automóveis do centro”. Aproveitou ainda para criticar este executivo de "roubar estacionamento", em todas as intervenções feitas no centro, até ao momento, como que se estivesse a ser criado "uma espécie de cerco ao centro da cidade”. Na sua intervenção alertou ainda para uma evidência que parece saltar à vista, “que só vai haver trânsito de cargas e descargas”. E sobre os três parques de estacionamento de proximidade, previsto pelo anterior executivo, lembra que seriam construídos durante a intervenção. “Não voltaremos a ter uma oportunidade como esta tão cedo”, alertou.
Para o vereador da coligação, "as questões estratégicas devem ser mobilizadoras e catalisadoras", algo que diz não acontecer com este projeto. Nesse sentido, Paulo Cavaleiro lançou um repto ao presidente da Câmara Municipal de S. João da Madeira para adiar o ponto e propôs que fosse feito um referendo local, para "colocar os sanjoanenses a decidirem", sobre algo em que afirma que "não há consenso". O vereador da oposição diz que "não devemos ter medo de ouvir a opinião dos sanjoanenses, até porque nós queremos que este processo corra bem", garantiu.
A esta pretensão, Jorge Sequeira não acedeu e assegura que "peca pelo defeito da tempestuosidade da proposta", considerando que a mesma faria sentido em 2018, visto que "a câmara já aprovou o anteprojeto", e assegura que na altura "não vi pessoas a discordarem. Apenas um grupo de comerciantes se opuseram". Apesar da divisão de opiniões, o presidente da Câmara Municipal avançou com a votação, que mereceu o voto contra dos vereadores da coligação PSD/CDS-PP.
Apesar de ser difícil prever datas concretas, José Nuno Vieira, vice-presidente da Câmara Municipal, aponta o início de 2020 como data prevista para a adjudicação da obra, ficando a expectativa de que só em 2021 os sanjoanenses terão o centro da cidade renovado.
Daquilo que se percebe da proposta agora aprovada, as grandes alterações passam pela colocação de um piso "mais duradouro, com mais conforto para os peões e que não esteja sujeito a tantas intervenções de reparação", adianta Jorge Sequeira. A pavimentação da zona pedonal será alterada para granito e o mobiliário urbano, desde bancos a apoios de bicicleta, vai ser substituído por um “conjunto homogéneo”, segundo o autarca. Já em relação à cobertura metálica das esplanadas, essa vai desaparecer, dando lugar a um modelo único de mobiliário. Vão ser criados corredores verdes para zonas de passeio e lazer, árvores em semicírculo junto ao Parque América, e vai ser instalado um sistema de jatos coloridos no meio da Praça. Além disso, será criado um parque de estacionamento com 80 a 90 lugares junto à casa de Sidónio Pardal, que não estará pronto ao mesmo tempo da empreitada. E poderá vir a crescer em altura posteriormente, caso haja necessidade disso. O autarca sanjoanense garante que estas intervenções vão melhorar significativamente a zona da Praça tornando-a capaz de captar mais investimento privado. "A nós compete-nos melhorar o espaço público e desenvolver ações de animação do mesmo, algo que temos feito com assinalável êxito", com a garantia de que "a reabilitação do centro da cidade não se esgota aqui", referiu.
Paulo Cavaleiro concluiu que, independentemente da atratividade do centro da cidade, "se as pessoas não conseguirem chegar lá”, então de nada valerá a pena este investimento. E alertou que uma intervenção destas devia reunir o “maior consenso possível”, recordando a Jorge Sequeira aquilo que já havia afirmado em outras reuniões de Câmara que, "o centro é de todos, e o senhor não é dono disto tudo".
A proposta de lançamento a concurso da empreitada acabou por ser aprovada com cinco votos a favor do PS e dois votos contra da coligação.
Comentarios