Foi inaugurada este sábado, 1 de junho, mais uma obra integrada no Circuito de Arte Urbana do Hat Weekend - Festival do Chapéu, de S. João da Madeira, que acontece entre os dias 19 e 21 de julho. Esta é já a terceira obra e surgiu no Bairro do Orreiro, com a autoria do ilustrador aveirense André da Loba. Com o título “S. João da Madeira, Cidade dos Chapéus”, o mural, de aproximadamente 11 por 6 metros, foi pintado numa das fachadas de um dos prédios do complexo de habitação social desta zona da cidade, onde o autor dinamizou ainda, um workshop de desenho/ilustração em pequeno formato (cartão/papel) para a comunidade, no espaço do Parque Infantil local.
André da Loba formou-se em ilustração na School of Visual Arts, Nova Iorque. Publicou mais de uma dezena de livros e colabora regularmente com o New York Times, New Yorker e Time Magazine, entre outras publicações. O seu trabalho tem sido reconhecido globalmente.
O convite quando surgiu, na sua ideia nunca passava por ser um trabalho de grandes dimensões, mas o desafio foi aceite, pois "fazer um muro pequeno demora quase tanto tempo como fazer um grande", refere. Associado ao tema do chapéu, quis dar o seu cunho pessoal, em que tentou fazer uma ligação da ilustração ao parque envolvendo a área onde está inserido, como se de um complemento se tratasse. "A ideia é promover a brincadeira, lutando contra o sedentarismo infantil. Esta ilustração é como um espelho, onde vemos miúdos a correr, associado ao chapéu, transmitindo a mensagem de que podem brincar na rua e ao sol. A ideia dos coelhos é como uma metáfora dos miúdos serem como os coelhos, que andam sempre a correr, ao mesmo tempo de que os chapéus são feitos com o seu pêlo", referiu André da Loba.
O mural foi executado em três dias, tendo o ilustrador contado com a ajuda do pai, da irmã e de um colega que "ajuda-me sempre a pintar". Mas, pintar em bairros é algo que é muito raro, mas o sentimento que tem é de que "a malta sente-se muito confortável e privilegiada
com uma obra, que os faz sentir verdadeiramente especiais", considerando mesmo que os moradores consideram mais importante a pintura "do que a colocação do capoto nas paredes e as janelas de vidro duplo" funcionando como "um ato simbólico de valorização do espaço", concluindo que isto trata-se de "uma marca que fica para sempre, pois vão aqui chorar, rir, namorar. Sendo que estas cores vão fazer parte do imaginário dos moradores".
O presidente da Câmara Municipal começou por dizer que o Hat Weekeend foi pensado para "preservarmos a nossa história, para percebermos como chegamos aonde estamos", pois, segundo o autarca, "foi por causa da industria chapeleira que S. João da Madeira se tornou um município independente do concelho de Oliveira de Azeméis". Nesse sentido, "foi decidido fazer cinco intervenções artísticas, ligadas ao chapéu, onde se inclui esta praça, aqui no bairro do Orreiro", lembrando os locais onde já foram feitas outras intervenções. Recorde-se que este processo iniciou-se em 2018, com Mariana, a Miserável, junto do Museu da Chapelaria, tendo-se seguido na Cooperativa 11 de Outubro, com o contributo do espanhol Andrés Lozano.
Jorge Sequeira considera que esta obra agora inaugurada representa "um pouco o chapéu, como uma tradição da nossa cidade, e a alegria, a juventude e o dinamismo que esta praça tem", considerando que "valorizou muito o bairro, dando uma nova vida e uma nova cor a esta praça, dando mais empatia e mais qualidade a este espaço", referiu.
Jorge Sequeira anunciou contratação de empreiteiro para recuperação dos outros sete blocos habitacionais do Orreiro
Jorge Sequeira aproveitou ainda para anunciar a contratação de um empreiteiro "para recuperar os outros sete blocos e colocá-los, exatamente nas mesmas condições destes outros que agora estão a ser intervencionados", garantindo que o concurso já está lançado e que a obra vai acontecer. "Este é um esforço que esta Câmara e as anteriores estão a fazer, para que todas as casas fiquem com as mesmas condições", garantiu. Outra das garantias que deixou aos moradores do bairro foi a continuidade dos espetáculos no local, seguindo o exemplo do que se realizou no verão passado, bem como do regresso da iniciativa da Poesia à Mesa.
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