Maio é mês de Imaginarius em Santa Maria da Feira, onde se vivem momentos únicos e memórias inesquecíveis. Essa é mesmo a proposta para a 19ª edição de um festival que se reinventa continuamente, num contexto de inovação e estímulo à criação artística contemporânea, um espaço aberto a todos, com olhos postos nas raízes e nas origens das artes de rua mas piscando o olho ao futuro e à criatividade que apresenta desafios para todas as idades, apostando na educação pela arte e nos encontros com a comunidade.
De 23 a 25 de maio o Festival Internacional de Teatro de Rua promete um total de 229 horas de programação, divididas por 46 espetáculos, espalhados pelo centro histórico da cidade, sendo que 28 são estreias nacionais e 13 estreias absolutas. Num total de 247 artistas, oriundos de 12 países, onde também há espaço para os artistas emergentes, associações e artistas locais, e projetos de intervenção criativa e social do concelho.
O mais ambicioso festival de artes de rua do País, que integra já a rota dos maiores festivais de artes de rua da Europa, vai para a 19ª edição cruzando fronteiras e unindo territórios, em torno da “Memória”, que se afigura como o elo de ligação “entre o passado, o presente e o futuro”, trazendo a si a valorização do património material e imaterial, “concretizando uma política do município”, referiu Emídio Sousa, presidente da Câmara Municipal de Santa Maria da Feira.
Edição 20129 do Imaginarius tem um orçamento de 275 mil euros
Gil Ferreira, vereador da Câmara Municipal de Santa Maria da Feira, assumiu, na apresentação da edição deste ano do Imaginarius, que o orçamento é de 275 mil euros. “Verifica-se um aumentou no investimento para permitir qualificar o festival”, sendo que “ouve uma reafectação de recursos, em termos de estratégia, para que pudéssemos ter uma maior percentagem do investimento nos conteúdos artísticos e de programação, em detrimento dos custos de produção e estrutura”. Assim sendo, passam a haver 145 mil euros destinados a conteúdos artísticos e de programação, 50 mil euros para custos de produção e 80 mil euros para custos de estrutura. Outra das novidades está relacionada com o novo modelo de gestão. “O festival nesta edição é pensado, planeado e executado, integralmente por recursos internos da Câmara Municipal”, assegurou.
Segundo o vereador, o propósito do festival é a missão que se divide em três grandes dimensões, “expandir acessos, fomentar oportunidades e criar conexões”. Destas, no que diz respeito ao facto de expandir acessos, destacou o trabalho feito com o público sénior, num trabalho gerontológico, que consiste numa performance, “que é suportada por um livro e por um conjunto de composições musicais da jovem cantora e compositora Isaura Santos, vencedora do Festival da Canção de 2018”. O trabalho proposto com o público sénior é uma performance teatral com um conjunto de exercícios cognitivos, “trazendo assim este público para uma participação cultural e dimensão artística, trabalhando a memória sensorial e a memória de curto e longo prazo”, referiu.
Outra dos destaques de Gil Ferreira é uma “Criação Imaginarius”, representada na secção infantil, do artista local, Daniel Padrão, intitulada «Viagem de Memórias! Percurso Sonoro Pelas Terras de Santa Maria». Este espetáculo “pretende ser colaborativo, contando com um músico, uma contadora de histórias e todos os passageiros que tiverem a ousadia de embarcarem nesta narrativa sonora”.
No fomentar oportunidades, o diretor executivo do festival, destaca as 11 criações Imaginarius, onde se incluem 4 projetos da Chamada de Apoio à Criação Local, de artistas ou companhias locais, onde se engloba “Cães de Rua”, do artista Sérgio Conceição, que fez uma pequena apresentação do seu espetáculo à imprensa. Trata-se de um espetáculo interdisciplinar, que engloba teatro, dança e acrobacia aérea, “que nos transporta para a odisseia de um homem embriagado pela vida de rua”. Num momento que nos transmite um pouco do instinto de sobrevivência, o artista mergulhou no mundo dos sem-abrigo para se poder aproximar de uma realidade que o espetáculo tenta passar.
Na criação de conexões, o destaque de Gil Ferreira é o “Bairro do Pinóquio”, uma estreia absoluta que envolve a Orquestra Criativa de Santa Maria da Feira, com parceiros oriundos de Itália (Una Rete Per La Musica) e Sérvia (Music Art Project), que se divide numa vertente performativa e que cria conexões com comunidades distintas. Numa outra dimensão das conexões, o destaque vai também para o voluntariado, onde foram selecionados 112 voluntários “que vão prestar apoio e fazer parte da equipa do festival”.
Em relação aos valores do festival, que “são os nossos pilares estratégicos, que dão forma e sustenta as nossas opções de programação artística”, estão divididos em sustentabilidade, criação em residência, mediação e desenvolvimento de públicos e a internacionalização.
Imaginarius caminha para a certificação como Evento Sustentável - ISO 20121
Na sustentabilidade, Gil Ferreira deu nota de que iniciaram e vão materializar nesta edição do festival “a certificação do Imaginarius, como Evento Sustentável – ISO 20121, seguindo uma política de sustentabilidade com a qual nos comprometemos, nos pontos daquilo que pretendemos fazer e daquilo que pretendemos que seja feito”, referindo que será materializado em duas ações concretas. Trata-se de uma ação de comunicação e sensibilização, “com a recolha diferenciada de lixo, na secção dos Sabores Imaginarius”, possibilitando que se venha a fazer o processo de compostagem. “Este será um processo que será mediado pela comunidade infantil, fazendo com que o Imaginarius se apresente com uma responsabilidade social e de valorização dos pilares da sustentabilidade”, reforçou. A outra ação está focada na mobilidade no concelho e para o festival. “Pela primeira vez e em parceria com o serviço «My Taxi», vamos ter, durante o festival, um serviço de transporte a pedido, apelando ao uso dos recursos e modos mais sustentáveis de deslocação”, informou.
Na criação de residência destacou as 11 residências e o prémio Mais Imaginarius 2018, que foi convidado a criar uma residência em Santa Maria da Feira. Já na mediação e desenvolvimento de públicos, destaque para 13 ações de mediação em torno do festival, para fomentar o desenvolvimento de novos públicos, onde se inclui uma conversa com o diretor artístico da companhia holandesa Close-Act Theatre, o cabeça de cartaz do festival. Este espetáculo intitula-se “Globe” que é uma metáfora artística à liberdade e ao poder de voar no mundo imaginário. Esta performance, que será uma estreia nacional, conta como cenário um globo gigante, com um ambiente energético, que envolve trapezistas, dançarinos, atores, músicos, projeções e pirotecnia, numa dinâmica constante de interação com o público, e que poderá ser visto nos dias 24 e 25 de maio, pelas 23h30, nas piscinas municipais.
No campo da internacionalização, o destaque vai para o Round About Europe, que decorre de uma candidatura de cinco festivais, entre os quais o Imaginarius, que “ao longo de dois anos vão receber quatro projetos europeus”. Também o Mais Imaginarius que terá 20 novas criações para o espaço público, a serem apresentadas durante o festival.Neste âmbito decorrerá também o Imaginarius Pro, que é uma secção integrada no festival, que promove o contacto entre os diversos profissionais do setor das artes de rua, focado no reforço de parcerias entre artistas e programadores.
Outros motivos de destaque do festival é o espaço Sabores Imaginarius, que dedica uma zona alimentar através do conceito do Street Food, proporcionando aos visitantes uma experiência mais completa e diferenciadora, em complemento aos restaurantes do centro histórico, que disponibilizam menus temáticos. Haverá também a “Feirinha Pela Noitinha”, que resulta de uma parceria entre o município de Santa Maria da Feira e a Casa dos Choupos, com o objetivo de promover um espaço de divulgação de iniciativas criativas e empreendedoras, desde o artesanato urbano aos acessórios de moda, passando pelas artes plásticas e artigos vintage, até aos artigos em segunda mão, no Mercado Municipal.
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