Autarcas da Área Metropolitana do Porto (AMP) reuniram na Torre da Oliva, em S. João da Madeira, nesta sexta-feira, 12 de abril. Por entre os diversos pontos em discussão, o destaque foi para a apresentação de um estudo de requalificação urbana da Linha do Vouga, com a apresentação dos objetivos, avaliação económica de cenário de modernização e as ações futuras, que passam por integração no sistema Andante.
Incidindo sobre o troço Oliveira de Azeméis – Espinho, os autarcas das câmaras da AMP ficaram a saber que a modernização deste troço, de cerca de 32 quilómetros de extensão poderá levar a um aumento do número de passageiros atuais para mais do dobro, passando de cerca de 200 mil para mais de 500 mil por ano.
Com este estudo, Carlos Fernandes da Infarestruturas de Portugal, demonstrou que a intenção é de requalificar o canal ferroviário deste troço da Linha do Vouga, numa bitola ibérica, tornando-o mais moderno, rápido e eficiente. Outra das intenções é o restabelecimento do interface com a Linha do Norte, perdido em 2008, e a capitalização desta infraestrutura como eixo preferencial de mobilidade urbana, integrado nos sistemas de comboios do Porto e Andante, entre este território e demais da AMP e vice-versa. Este é um processo que tem vindo a ser acompanhado também pela Associação de Municípios das Terras de Santa Maria, e no qual se constata que a AMP demonstra o seu empenho na valorização da Linha do Vouga. O autarca de Vila Nova de Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues, presidente do Conselho Metropolitano, adiantou mesmo que “nunca a AMP esteve tão atenta e disponível para a temática dos transportes”, acrescentando que estão completamente empenhados na valorização da Linha do Vouga.
O anfitrião da reunião, o presidente da Câmara Municipal de S. João da Madeira, Jorge Sequeira, mostrou-se também agradado com a possibilidade desta reabilitação vir a ser uma realidade, considerando tratar-se “uma alteração radical na mobilidade”, que terá também efeitos a nível ambiental, pois “o potencial de descarbonização da região da AMP é enormíssimo”.
A modernização deste troço da Linha do Vouga é vista com bons olhos por todos os municípios que fazem parte das Terras de Santa Maria, que serão seguramente os principais beneficiários desta possível intervenção, sabendo-se apenas que a única garantia é que está contemplada com 75 milhões de euros no Plano Nacional de Investimento, tendo em vista o quadro comunitário 2020/2030.
A 6 de abril o passe único, já tinha mais cerca de 22 mil novos clientes – Eduardo Vítor Rodrigues, Presidente do Conselho Metropolitano do Porto
Outro dos assuntos que mereceu a atenção dos autarcas da AMP foi o passe único, que entrou em vigor a 1 de abril. Em declarações ao Terras Santa Maria Informação, no final da reunião, Eduardo Vítor Rodrigues, presidente do Conselho Metropolitano do Porto, garantiu que, “a 6 de abril, tínhamos cerca de mais de 22 mil novos clientes no sistema, o que augura a melhor das expetativas”, deixando antever que “quando, em maio, se retomarem as aulas e for um mês normal relativamente à aquisição de passes dos estudantes, estou convencido de que iniciaremos um reforço”, assumiu.
Esta contabilidade foi feita numa comparação entre o dia 6 de março, em que havia 140 mil passes vendidos e a 6 de abril que passou para valores a rondar os 160 mil. “Tendo em conta as férias da Páscoa e o facto de não ter havido muita publicidade, eu acredito que os dois próximos meses irão ser de capacitação da própria medida”, assegurou.
Eduardo Vítor Rodrigues, olha para este crescimento como um sinal positivo, no sentido de “retirar gradualmente carros da estrada em reforço dos transportes públicos”, considerando também que “este aumento de utentes vai permitir fazer uma entrada de receita no sistema que vai garantir mais equilíbrio no próprio sistema”, apesar de ter a consciência de que nunca o fará na totalidade, até porque, “o transporte público não é lucrativo, nem pode ser”, disse.
O autarca de Gaia anunciou ainda que está já disponível a primeira prestação da verba a pagar aos operadores, que assume ter sido “um momento de muito contentamento”, tendo em conta que os privados necessitam de atempadamente receber esse valor de compensação pela redução da tarifa implementada com o passe único. “Os operadores entraram no processo com um nível de risco acentuado, e nunca tinha havido cumprimento de prazos por parte do Estado quanto a passes sociais”. E o facto de “hoje mesmo ter caído a comparticipação do Fundo Ambiental para o PART (Programa de Apoio à Redução do Tarifário dos Transportes Públicos), permite, que podemos dizer aos operadores que o dinheiro já está disponível”, referiu.
O presidente do Conselho Metropolitano lembrou ainda que todo este processo envolve diversas empresas, algumas das quais “têm muita dificuldade em pagar os salários ao final do mês”, daí a importância desta verba que vem compensar a perda da receita da venda dos passes, tratando-se de um valor que ronda um pouco mais de 3 milhões de euros. Segundo Eduardo Vítor Rodrigues, desta forma “podemos começar a pensar num modelo de comparticipação, que possa adiantar alguma pequena receita aos operadores, para que eles possam, no início de cada mês ter um adiantamento, que compense a ausência da receita resultante da venda dos passes”. Lembrando ainda, que irão passar a fazer uma gestão dessas verbas que vão passar receber “trimestralmente por antecipação, e no final do mês acertar a conta com as validações efetivamente ocorridas”. E perante esta medida “julgo que fica absolutamente impossível de justificar que as empresas não adiram aos validadores”, adiantando que “com o dinheiro na conta se cria um elo de confiança para que tudo possa correr bem”.
Prevê-se que o Andante entre em vigor, em todos os municípios da Área Metropolitana do Porto, a partir de 1 de maio, com a exceção de Santo Tirso.
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