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Ministra da Cultura declama Poesia (n)a Mesa da Viarco, em S. João da Madeira


No Dia Mundial da Poesia a Ministra da Cultura celebrou a efeméride, do alto de uma mesa de produção da Viarco, a única fábrica de lápis do país, que parou para que se ouvissem as palavras dos poetas.

Declamando um poema de Andreia Faria, registou o momento que "deve ser celebrado, fundamentalmente fora dos livros", referiu Graça Fonseca, que olha para a Poesia à Mesa como um excelente exemplo de celebrar a poesia. "A poesia muda a vida das pessoas quando sai dos livros para o dia a dia", e S. João da Madeira, nas palavras da ministra "é um exemplo a seguir".


Com a produção parada e com os trabalhadores a mostrarem os seus dotes de declamadores, Graça Fonseca não desiludiu os presentes, declamando um poema de uma jovem poeta, deixando os clássicos para os participantes da Poesia à Mesa, e para uma iniciativa que o seu ministério lançou, juntamente com a Viarco, que produziu 8000 lápis com textos de 12 poetas, "que vão desde D. Dinis a Mário Sá Carneiro", e que vão estar à venda nas lojas dos museus de todo o país. "O desafio foi muito em cima da hora, mas a Viarco com a sua flexibilidade industrial conseguiu cumprir, e agora, cada vez que utilizarmos um lápis destes, também vamos ler um pequeno poema de um autor português", referiu.


Ações como esta "estreita as nossas relações e ajuda-nos a lidar connosco mais como humanos e não tanto como operários" - João Xavier


"As máquinas param, e há uma perda monetária, mas as pessoas ganham valor. E uma empresa quando tem uma equipa de gente com valor, seguramente é muito mais valioso do que a hora que se perde", começou por afirmar José Vieira, administrador da Viarco.

E com este espírito, de quem está desde a primeira hora no projeto da Poesia à Mesa, por volta das 11 horas, o barulho das máquinas deu lugar às palavras. Foram vários os operários, que do alto das mesas da produção fizeram ecoar as palavras de Adília Lopes, Almeida Garret, Ana Paula Inácio e Ondjaki . Mas também se ouviu um original "sobre riscadores e tudo o que liga pontos e divide coisas", que orgulhosamente, mas com alguma timidez à mistura declamou João Xavier, trabalhador da empresa há cerca de dois anos e meio.

"Desde que comecei a participar nesta iniciativa que presto mais atenção à poesia", acrescentando que este tipo de ações "estreita as nossas relações e ajuda-nos a lidar connosco mais como humanos e não tanto como operários", afirmou. Ouve ainda tempo para uma performance de Paulo Condessa e Sérgio Correia, técnico de som da edilidade, que mostraram um pouco desta parceira, que surgiu após um repto lançado pelo performer.


Hoje há Peregrinação Poética pelas ruas da cidade


Por estes dias, S. João da Madeira assume-se como a capital da poesia em Portugal. Quando menos se espera ouvem-se as palavras dos poetas a ecoaram em cafés restaurantes, fábricas, autocarros, Centro de Saúde e muito mais. É o festival literário Poesia à Mesa que segundo o presidente da Câmara, Jorge Sequeira, "envolve toda a comunidade", que oferece momentos como o que se poderá assistir esta noite, na Peregrinação Poética, com a participação de associações locais, que percorrerão vários zonas da cidade, com paragens obrigatórias em seis estações poéticas. Este ano, a peregrinação tem como convidado Adolfo Luxúria Canibal, vocalista e fundador da banda rock Mão Morta e com a coordenação de Paulo Condessa e José Fanha e a animação de rua sob a responsabilidade dos Anima Dixie, a partir das 22 horas, e com partida da Biblioteca Municipal.


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