O Festival de Teatro de S. João da Madeira, uma organização do projeto “Espaço Aberto” do Agrupamento de Escolas Dr. Serafim Leite, em parceria com a Câmara Municipal, chega ao final esta sexta-feira, 17 de maio. Depois da exibição em palco de mais de duas dezenas de peças, a encerrar a 13ª edição do festival, que teve início a 26 de abril, estará no palco da Casa da Criatividade a peça “Not Fragile”, da companhia Teatro em Caixa, pelas 22h00.
Grupos locais e nomes consagrados das artes de palco deram corpo a mais um festival, que este ano inovou levando o teatro aos Transportes Urbanos de S. João da Madeira (TUS), numa apresentação bastante interativa e um pouco “fora da caixa”. Quase a terminar o festival, a organização mostra-se satisfeita pelo crescimento e afirmação de um evento que já ganhou raízes na comunidade, e tendo já ultrapassado as fronteiras do concelho. Foram cerca de três semanas de teatro para todos os gostos e tipo de público onde, inclusivamente, os mais pequenos não foram esquecidos, sendo-lhes proporcionado momentos de lazer e aprendizagem.
“Mudar o mundo com o voluntariado”, da responsabilidade do Banco Local de Voluntariado e Associação Ecos Urbanos, foi uma experiência única que as cerca de 400 crianças do 1º e 2º ano das escolas básicas do concelho tiveram a oportunidade de assistir. Nesta peça, que foi uma adaptação do livro editado em 2011, «Todos Temos Asas, Mas Apenas Os Voluntários Sabem Voar», de Sónia Fernandes, do projeto da escola de voluntariado, “Mudar o Mundo”, da Pista Mágica, os ensinamentos sobre a importância do voluntariado foram contados de uma forma especial, e por gente muito especial. Desde colaboradores e utentes da CERCI de S. João da Madeira, até voluntários pertencentes ao banco local e não só, se fez uma peça, que apesar de já não ser inédita, teve a particularidade de ver acrescentados alguns ajustes que, sempre que sobe a palco, é portadora de novos ensinamentos e mensagens.
“Era extraordinário que tivéssemos mais voluntários inscritos, bem como organizações a disponibilizarem-se para acolher ainda mais voluntários” – Carlos Silva (Banco Local de Voluntariado)
A oportunidade de voltar a participar no festival de teatro surgiu no Banco Local de Voluntariado com um novo desafio para “pensar fora da caixa”, referiu Carlos Silva, que acredita que na partilha de tarefas, “coube à CERCI e aos voluntários a parte mais difícil de preparar os atores e a adaptação da peça”, nunca esquecendo todos os parceiros que contribuíram, como a Santa Casa da Misericórdia, Centro Humanitário da Cruz Vermelha, Câmara Municipal e ACAIS e empresas associadas.
Segundo o responsável do Banco Local de Voluntariado, “o público-alvo a que se destinou esta peça foi pensado”, tendo em linha de conta o facto de que “achamos que a educação para o voluntariado deve começar numa idade muito jovem”, e nesse sentido o repto foi “deixar plantada a semente do que é o voluntariado e de como é que o podemos fazer, sendo que com a nossa ação o nosso coração cresce”, daí a oferta que foi feita a todos os participantes de um coração, “como simbolismo daquilo que pode representar a oferta do nosso tempo aos outros”. Para Carlos Silva, “saímos daqui com o coração cheio”, aproveitando para lançar o repto à população se disponibilizar para esta causa. “Atualmente o Banco Local Voluntariado tem cerca de 80 voluntários inscritos e o ano passado foram apresentados 42 projetos, no entanto, “era extraordinário que tivéssemos mais voluntários inscritos, bem como organizações a disponibilizarem-se para acolher ainda mais voluntários”, admitiu.
“Achei que era uma boa ideia e avancei para aquilo que fazia falta, e escrevi o livro” – Sónia Fernandes autora do livro «Todos Temos Asas, Mas Apenas Os Voluntários Sabem Voar»
Surpresa para os atores da peça foi a presença da autora do livro, Sónia Fernandes que, segundo Carlos Silva “elevou ainda mais a nossa responsabilidade em relação ao que ia ser apresentado”. A autora que não escondeu a sua alegria, e mesmo alguma emoção, assegurou ao Terras Santa Maria Informação que, apesar de ter a noção de que esta peça não acontece pela primeira vez, “mas é diferente quando estamos presentes e sentimos a entrega das pessoas na transmissão da mensagem. Foi extraordinário”, assegurou.
Para a autora do livro «Todos Temos Asas, Mas Apenas Os Voluntários Sabem Voar» o voluntariado lida com situações de vulnerabilidade, e sendo que “hoje estamos vulneráveis e amanhã podemos não estar”, considera que o voluntariado pode ser o caminho para resolver algumas dessas situações, aludindo ao facto de em palco estarem representadas algumas dessas situações, espelhadas no facto de em palco estar um cão com apenas três patas, mas que no entanto “estava super feliz”, reforçando a ideia de que “não importa se nascemos com uma deficiência ou se somos diferentes”.
Quando escreveu o livro, Sónia Fernandes estava grávida do seu primeiro filho, o que não a impediu de o fazer, até porque, os livros sempre foram bastante importantes para si, ao ponto de querer “construir uma biblioteca para ele”.
Como não encontrou nenhum livro sobre voluntariado, associado ao facto de ter fundado a escola de voluntariado “Mudar o Mundo”, da Pista Mágica, tomou a decisão de avançar para o lançamento de um livro. “Achei que era uma boa ideia e avancei para aquilo que fazia falta, e escrevi o livro”, no entanto, e até porque já teve o segundo filho, admite que “agora estou a dever um livro à minha filha com o nome dela”. E porque já passaram oito anos desde a edição desse livro, que tem como protagonista o seu filho Júnior, admite que “há muito tempo que quero escrever outro, por isso, em breve pode ser que isso aconteça. A vontade está lá, só tenho que ter tempo para o fazer”, referiu.
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