Comemorações do 110º aniversário da abertura da Linha do Vale do Vouga, decorreram, ontem, 23 de novembro, no Europarque, em Santa Maria da Feira. Numa cerimónia marcada pelo apelo dos autarcas das Terras de Santa Maria à reabilitação da linha e consequente ligação ao Porto, ficou apenas a garantia, da parte da Infraestruturas de Portugal (IP), que esta será renovada, mas em via estreita, tal e qual como ela está atualmente. Não era essa a promessa que os autarcas queriam ouvir neste dia festivo, no entanto deixaram bem patente os argumentos, que julgam ser bastante válidos, para fundamentar o investimento na renovação da linha.
Quer Emídio Sousa, Presidente da Câmara Municipal de Santa Maria da Feira, e anfitrião das comemorações, quer Joaquim Jorge, Presidente da Associação de Municípios Terras Santa Maria (AMTSM), reafirmaram o peso que a linha tem para as populações, adiantando que são mais de 400 mil os utilizadores anuais do troço Oliveira de Azeméis - Espinho, abrangendo uma região que é responsável por uma fatia muito substancial das exportações do país.
Investimento previsto garante continuidade da linha
Carlos Fernandes, Vice-Presidente da IP falou aos presentes sobre os investimentos previstos a curto prazo para a linha do Vouga, o que deixou já a garantia de que, apesar da degradação da linha, o seu encerramento está fora de questão. No entanto o desejo e ambição dos autarcas da AMTSM é a da ligação ao Porto, de forma a potenciar esta linha quer ao nível de passageiros ou mesmo no transporte de mercadorias, criando assim mais uma alternativa de transporte às muitas empresas abrangidas pela linha do Vouga.
Cada vez mais a aposta na requalificação das linhas de ferro do país é uma certeza, garantia dada pelo secretário de Estado das Infraestruturas, Guilherme d' Oliveira Martins. "Desde a primeira hora que este Governo está apostado na reestruturação da infraestrutura ferroviária através do plano Ferrovia 2020 e na continuidade através do programa nacional de investimentos, que em breve será apresentado", afirmou o governante. O secretário de Estado lembrou que serão cerca 1000 quilómetros de rede ferroviária, que inclui a construção de nova rede, num total de "2 mil milhões de euros de investimento" que abrangerá várias linhas. Segundo Guilherme d' Oliveira Martins "a linha do Vouga está em avaliação, no ponto de vista de calendário, já no âmbito do programa nacional de investimentos", garantindo que ´é nesse sentido "que temos de trabalhar depois da apresentação deste documento", deixando no ar a ideia que só depois é que "perceberemos como será essa requalificação e investimento para os próximos 10 anos", concluiu.
Atualmente existe um estudo que mostra a viabilidade da ligação da linha do Vouga ao Porto, com o alargamento da bitola e construção de um interface em Silvalde. Esta solução irá permitir que no futuro se chegue de Oliveira de Azeméis ao Porto em 50 minutos. Para Joaquim Jorge, avançar para esta solução seria um ato de justiça para os concelhos das Terras de Santa Maria, com a exceção de Espinho, que já tem ligação ferroviária ao Porto, pois o contributo dado para a economia nacional é muito significativo.
José Manuel Fernandes, Eurodeputado, Membro da Comissão dos Orçamentos do Parlamento Europeu e Relator do InvestEU, foi o último dos oradores convidados a falar sobre a necessidade de investir na ferrovia, num programa de comemorações que contou ainda com a inauguração da exposição comemorativa dos 110 anos da Linha do Vale do Vouga, em parceria com a Fundação do Museu Nacional Ferroviário e a Associação Portuguesa dos Amigos do Caminho de Ferro, e a exposição de Ferromodelismo, em parceria com o Grupo de Módulos de Comboios do Norte, que ainda podem ser visitadas até amanhã, dia 25 de novembro, das 10h00 às 18h00, no Europarque. Bem como a “Viagem no vapor vivo” em parceria com a Associação Portuguesa dos Amigos.
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