Câmara Municipal de S. João da Madeira apresentou esta segunda-feira, 12 de novembro o novo projeto para revitalização da Praça Luís Ribeiro, numa sessão realizada no auditório dos Paços da Cultura. Jorge Sequeira, Presidente da Câmara Municipal, acompanhado por Nuno Pedrosa, um dos arquitetos responsáveis do projeto que havia vencido o concurso de ideias, e que tinha recolhido o consenso do júri e dos sanjoanenses, após consulta pública, apresentaram as alterações agora previstas, que este executivo fez questão de salientar. Das ideias fortes das alterações previstas ao anterior projeto, destacam-se o não atravessamento de automóveis no centro da Praça e a redução de estacionamento, mantendo assim a grande área pedonal que esta zona já incluía, e que, para a grande maioria dos comerciantes parece ser demasiado grande e inibidora da vinda de mais pessoas ao centro da cidade, reforçada pela falta de estacionamento, que segundo se percebe deste novo projeto será ainda mais reduzida que a atual. Foi ainda possível perceber que irá nascer um novo elemento marcante na Praça, que será "um jogo de água que poderá ser desligado aquando da realização de eventos e que servirá de atração para o centro cívico", adiantou o edil sanjoanense. A juntar a esta novidade surgirão ainda umas "caldeiras, que é uma espécie de floreira em ponto grande, com árvores, que servirão também de bancos", adiantou, bem como na Rua da Liberdade deixarão de existir os atuais degraus, que serão substituídos "pela plantação de cerejeiras", mantendo-se o acesso de viaturas conforme está atualmente. Já no que diz respeito ao parque infantil, que também deixará de ser construído, Jorge Sequeira sustenta a opção no facto de que "passamos a ter a Praça livre de carros, passando a funcionar como um parque num todo, sem necessidade de uma parcela específica", afirmou. Esta é outras das decisões que não colhe consenso, e que na voz de muitos dos sanjoanenses que intervieram era seguramente uma mais valia e um fator de atratividade à Praça.
Falta de estacionamento preocupa comerciantes
Em relação ao estacionamento, uma das grandes reivindicações dos comerciantes, Jorge Sequeira adiantou que deixa cair a ideia do anterior projeto de fazer um parque no gaveto da Rua Dr. Maciel e Rua Oliveira Júnior, bem como parte dos estacionamentos já existentes nesta artéria, mas, numa segunda fase, pretende avançar com a construção de um parque de estacionamento na Rua Padre Oliveira, com acesso pela Rua Júlio Dinis, ideia que mantém do anterior projeto, mas que será feita numa concessão. Já no que diz respeito à circulação de trânsito na Rua Visconde e Rua do Dourado, este passará a ser condicionado, deixando cair a intenção de fazer a ligação à Rua Durbalino Laranjeira, através da atual garagem da escola de condução, parte do edifício que já se encontra algo devoluta. Para os comerciantes e moradores esta indefinição para a circulação automóvel suscita muitas dúvidas, pois daquilo que foi dado a entender, a Rua Visconde passará a ser apenas para cargas e descargas, não tendo saída, dificultando o acesso à escola de condução, conforme questionou uma representante desta empresa, que quis saber como é que passará a ser feito o acesso das viaturas.
Numa sessão em que participaram muitos dos comerciantes do centro da cidade, surgiram alguns desabafos de que estavam a sair da sessão de apresentação do projeto com mais dúvidas do que aqueles quando entraram no auditório. No entanto, pelo que foi possível perceber esta não foi uma apresentação final do projeto, até porque, segundo Jorge Sequeira, "esta sessão tinha como objetivo ouvir os sanjoanenses". E perante as muitas questões e dúvidas levantadas, o Presidente da edilidade disse ainda estarem a ser estudadas as soluções para as alterações. Neste sentido o Presidente da Associação Comercial, Paulo Barreira, deixou claro que a grande preocupação dos comerciantes é a falta de estacionamento que este novo projeto deixa antever, mesmo sabendo que existe a possibilidade de no futuro vir a haver uma concessão para um parque de estacionamento, "mas que não se saberá quando, e se as lojas ainda estarão abertas", a redução da circulação automóvel, e o facto de deixar de haver um equipamento que iria promover atratividade ao centro. Por esses motivos é que defendiam o anterior projeto, que salvaguardava estas e outras questões, e que na altura mereceu a unanimidade de todos os intervenientes no processo.
"Se mantiver este projeto está a trocar uma decisão de unanimidade por uma decisão de maioria" - Paulo Cavaleiro
Segundo Paulo Cavaleiro, vereador da coligação PSD/CDS-PP, esta proposta desvirtua o concurso de ideias, e "não tem a capacidade de servir de alavanca ao desenvolvimento e revitalização do centro da cidade", afirmou. O vereador da oposição relembrou que o projeto anterior "teve discussão e apresentação pública", de onde surtiu "unanimidade". E agora tinha algumas dúvidas, pois ficou sem perceber o que é que este projeto responde melhor à pergunta fundamental, "como é que nós vamos criar mais atratividade ao centro da cidade, de uma forma constante, e não pontual através da realização de eventos, que por si só já têm essa capacidade de atrair pessoas?" E foi nesse sentido que pediu ao Presidente da Câmara para ponderar a sua decisão, "avaliar todas as hipóteses, que esteja de espírito aberto e que promova um debate amplo". E foi mais longe ao afirmar que "se preferir manter o projeto atual então, está a trocar uma decisão de unanimidade por uma decisão de maioria", concluindo a sua intervenção deixando o repto de que "se conseguirmos chegar a um consenso, ganhamos todos".
Da parte da CDU, o deputado municipal, Jorge Cortez, começou por lembrar o autarca sanjoanense quanto à legitimidade de se avançar com esta nova ideia, "sem que haja um novo concurso". E foi mais longe ao afirmar que, na sua ótica, os arquitetos "estão a fazer aquilo que o poder político lhes pede, mas noto pouco entusiasmo da parte deles", adiantando que "é uma alteração profunda que viola a memória descritiva do projeto que ganhou o concurso", e nesse sentido "era preferível a realização de um novo concurso, pois quanto a este não sei se ganharia o concurso de ideias se não tivessem lá colocado o atravessamento da Praça pelos automóveis", afirmou.
Novo projeto terá um custo de cerca de 2,4 milhões de euros, financiados em 85% por fundos comunitários
Segundo Jorge Sequeira este novo projeto terá um custo de cerca de 2,4 milhões de euros, financiados em 85% por fundos comunitários, e será mais uma intervenção que a Praça Luís Ribeiro irá sofrer, desde a sua primeira grande intervenção em 1985. Neste espaço temporal, já foram investidos nesta zona da cidade mais de 11 milhões de euros, entre fundos comunitários e recursos financeiros da edilidade. Mas uma garantia ficou evidente no final desta sessão é a de que este projeto não colhe consenso.
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