Na passada 6ª feira, 6 de setembro, foi inaugurada a exposição World Press Cartoon Top 50 - 2019, na Biblioteca Municipal de S. João da Madeira, onde estão expostos os melhores trabalhos de humor gráfico de imprensa nas áreas de cartoon editorial, relativos ao ano anterior. Esta exposição regressa assim a S. João da Madeira seis anos depois de um interregno, retomando um hábito que já vinha desde 2008, ano da primeira exposição na cidade, e onde é possível ver os trabalhos premiados e distinguidos com menções honrosas, nos prémios da World Press Cartoon.
Comissariada pelo cartoonista António Antunes, que proporcionou uma visita guiada à exposição, está dividida em três categorias, conforme explicou o próprio, "caricatura, desenho de humor e cartoon editorial".
Em conversa com o Terras Santa Maria Informação, António Antunes considera que o cartoon está a começar a perder espaço, motivado pela própria perda do espaço que a imprensa em papel está a sofrer.
"Alguma imprensa fechou, outra entrou em curas de emagrecimento, onde nós somos os primeiros alvos, e depois há a internet que é um concorrente que não paga, ou paga simbolicamente, não permitindo desenvolver grandes carreiras. E por fim há censura", desabafa, falando na primeira pessoa, e lembrando já ter sido censurado no New York Times. Nos seus 45 anos de carreira, em Portugal, diz não ter sentido essa censura, apesar de falar em "alguns truques" que às vezes eram usados para evitar que um cartoon fosse publicado ou passado na televisão, onde trabalhou, recordando um momento em que um dos seus trabalhos ficou guardado num cacifo, porque não apareceu a chave.
António é peremptório ao afirmar que "há censura nos Estados Unidos, no Brasil, mas cada caso é um caso e podem não ser em todos os jornais", no entanto, lembra que "há prisões de cartoonistas na Turquia e na China".
Para o cartoonista "o cartoon é de facto uma forma importante, forte e incisiva de comunicação, daí que esteja a ser atacada. Não é pelas pessoas não gostarem de desenho", garante, considerando que por vezes ele é mesmo considerado como uma "arma". Segundo António "há coisas que se diz no desenho que não se pode colocar no texto", ficando implícita mas, "deixa algumas aberturas, permitindo algumas escapatórias", refere.
O presidente da Câmara Municipal, Jorge Sequeira, marcou presença na inauguração da exposição e considerou que António Antunes é "o homem para a liberdade, a crítica no bom sentido, e usa a imagem para transmitir mensagens muito poderosas no ponto de vista político". Nesse sentido lembrou que em 2005 "foi agraciado com o Grau de Grande Oficial da Ordem do Infante D. Henrique, e teve, nessa ocasião, reconhecimento do Estado do seu papel na liberdade". Para o edil sanjoanense "é uma honra tê-lo entre nós", aproveitando para agradecer "a disponibilidade para regressar a S. João da Madeira, onde é sempre bem vindo".
A exposição estará patente durante um mês, na Sala Polivalente da Biblioteca até ao dia 6 de novembro, durante o horário de funcionamento da biblioteca municipal.
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