top of page
Buscar
Foto do escritorpguimaster

O futuro do trabalho debatido por especialistas em Santa Maria da Feira

Atualizado: 19 de out. de 2019


“O Futuro do Trabalho” foi o tema escolhido para a conferência que o Fórum Bizfeira, organizou esta quinta-feira, 17 de outubro, no Europarque, Santa Maria da Feira. Promovida pela Câmara Municipal de Santa Maria da Feira, em parceria com o Jornal de Notícias, esta conferência contou com vários oradores especialistas, de conceituada reputação profissional, que passaram pelo palco do Fórum Bizfeira, lançando a discussão e reflexão sobre esta temática.

Na sessão de abertura marcaram presença o presidente da Câmara Municipal de Santa Maria da Feira, Emídio Sousa, o Diretor do Jornal de Notícias, Domingos Andrade, o presidente da Câmara de Comércio e Indústria de Genebra, Vincent Subilia, e o Embaixador da República Checa em Portugal, Petr Selepa. António Saraiva, Presidente do Conselho Geral e da Direção da CIP, Ana Sousa, VP People da Farfetch, José Lopes, Diretor da EasyJet para Portugal, e um representante da Altice, foram os oradores do 1.º Painel “O Papel das Empresas – A Perspetiva dos CEO’s”.

No intervalo dos dois painéis da manhã, Os feirense Ricardo Azevedo e Margarida Neto, protagonizaram um momento musical.

“O Que Vai Mudar” foi o tema do 2.º Painel que contou com a opinião dos especialistas José Caldeira, Administrador Executivo do INESC-TEC,e Grégoire Evéquoz, autor do livro “A Carreira Profissional 4.0, Tendências e Oportunidades” como oradores.

O Fórum Bizfeira contou ainda na sua programação com Biztalks, momentos informais de inspiração que fomentaram a partilha de estratégias e experiências pessoais e profissionais. Outra das propostas foram os Meetings, que promoveram reuniões individuais entre os interessados e as várias entidades presentes, nomeadamente as Câmaras de Comércio da Suécia, Alemanha, Cuba, Genebra, Suíça, República Checa, entre outras, com o intuito de potenciar diferentes negócios.

De realçar ainda o Speed Recruitment, que reuniu, no mesmo espaço, empresas e entidades que se encontram em processo de recrutamento criando, desta forma, a possibilidade para as empresas apresentarem as suas propostas de emprego, numa simbiose perfeita entre oferta e procura de emprego. Outro dos destaques desta conferência foi o Bizspace, uma zona expositiva onde as empresas mostraram os seus produtos e serviços, assumindo-se como um momento de partilha do que de melhor se faz no território, entre outras atividades e sessões.

No entanto, o dia arrancou com a sessão de abertura assegurada pelo presidente da Câmara Municipal, Emídio Sousa, que começou por realçar a importância da temática do trabalho que assume um crescente relevo no contexto do desenvolvimento económico e social dos territórios. Com a satisfação de administrar um concelho “que sabe par onde quer ir”, garante que Santa Maria da Feira tem vindo a criar condições de excelência para “dispor de um enquadramento altamente competitivo para o desenvolvimento e localização de iniciativas empresariais de elevado valor acrescentado”. Neste enquadramento, salientou a preocupação em “fomentar o emprego, podendo afirmar que estamos com uma situação de pleno emprego”.

Mas, para o edil feirense, o momento é para “qualificar os nossos recursos humanos, tendo em vista a qualificação de um tecido económico competitivo e capaz de providenciar remunerações mais elevadas”, assumiu. Nesse sentido, garante que “estamos já a preparar o futuro”, lembrando que as escolas do concelho, desde o pré-escolar, estão a ser dotadas das novas tecnologias.


“Já não há empregos para a vida” – Domingos Andrade (Diretor do Jornal de Notícias)


Para Domingos Andrade, diretor do Jornal de Notícias (JN), “pensar no futuro do trabalho em 2019 dá muito trabalho”, no entanto, considera que esta região “projeta o mais nobre conceito de trabalho e da valorização do trabalho”, princípios que diz ter levado o seu jornal a aceitar, “com agrado”, associar-se, mais uma vez, ao município de Santa Maria da Feira na organização deste evento.

Para o diretor do JN, “trabalho nos dias de hoje não é só patrões e empregados, pois as relações alteraram-se”, referindo, em especial, as questões tecnológicas que diz ser responsáveis “pela abertura de muitas portas, mas que também fecha tantas outras”. Nesse contexto avança mesmo que “já não há empregos para a vida”, significando que já não se fica “respaldado no conforto de um contrato vitalício”, surgindo muitas das vezes o fator risco, “com salários precários e salários por vezes tímidos”. Mas, para Domingos Andrade o futuro do trabalho “é agora” no entanto, aproveitou para alertar para o facto de que, e segundo a Organização Mundial do Trabalho, até dois terços dos empregos em todo mundo “poderão ser parcial ou totalmente automatizados nas próximas décadas, onde os robots poderão roubar até 1 milhão de empregos em Portugal, na próxima década, e em particular na indústria transformadora e no comércio”, garante. Mas, num cenário que prevê pouco favorável ao homem versus tecnologia, antecipa que em sete anos, “um em cada três postos de trabalho serão substituídos por tecnologia inteligente”. Apesar de tudo, não deixou de dizer que esses mesmos avanços tecnológicos, associados a uma imparável economia verde, “também criarão milhares de outros novos postos de trabalho”, deixando no ar um cenário mais positivo, no entanto, lembra que é preciso saber aproveitar essas oportunidades, sobretudo, “o enorme potencial humano de jovens quadros e empresários, que fazem de tantas empresas as melhores do mundo, em múltiplas áreas, que não se perca”.


"A transformação digital é uma excecional oportunidade para todos nós" - Pedro Duarte (Presidente do Conselho Estratégico de Economia Digital da CIP


“Futuro no trabalho imperativo da requalificação”, é um primeiro estudo que tenta perspetivar aquilo que poderá ser o impacto da chamada automação, robotização ou digitalização nos empregos em Portugal, apresentado por Pedro Duarte, presidente do Conselho Estratégico de Economia Digital da CIP.

Este estudo foi feito especificamente para o mercado português, no âmbito da atividade do Conselho Estratégico”, que lidera, “pelo impulso dos órgãos sociais, como forma de consciencialização, ou até quase de alerta para o impacto terá no nosso país”. Este é um estudo que visa, numa primeira fase, uma visão mais nacional, depois mais em específico na zona norte, e por fim aquilo que parece ser a resposta mais prioritária para tentar enfrentar o desafio que se apresenta pela frente.

Numa breve análise à realidade atual do trabalho, o receio das máquinas poderem vir a substituir os homens não é nova, referiu Pedro Duarte, aproveitou mesmo para dar como exemplo uma situação que remonta ao início do século XVIII, numa altura em que foram feitas várias manifestações, com pessoas a destruírem os primeiros teares, com o receio que estes acabassem com o emprego delas. "É uma constatação com séculos na história da humanidade", refere.

Mesmo assim, e olhando para 2030, prevê-se que “67% do nosso trabalho vai ser automatizável”, o que diz não significar que vai ser automatizado. No entanto, 1,1 milhões de empregos desaparecerão do mercado de trabalho enquanto se prevê que serão criados entre 600 mil e 1,1 milhão de novos empregos, "o que num cenário mais otimista teremos uma situação idêntica". Pedro Duarte acrescenta que "não perdemos nem ganhamos empregos com esta mudança. Mas a verdade é que haverá mudança e os empregos não vão ser os mesmos". E nessa linha de raciocínio, fala em cerca de "15% da nossa força de trabalho terá de se requalificar totalmente, pois estará sujeita a tarefas completamente distintas das que desempenham hoje".

Os postos de trabalho que se prevê que se venham a criar rondam os 600 mil, oriundos da sinergia da automação e da revolução tecnológica, prevendo-se aumento de rendimento e da educação das pessoas. Entretanto, se houver políticas proactivas, o que parece vir a existir, como ao nível da economia verde, obrigará a um crescimento nessa área, que poderá gerar mais 200 mil novos empregos. Os restantes 300 mil surgiram na sequência do padrão dos novos empregos criados nos últimos anos, "e estamos a falar de empregos que não existiam antes". Haverá setores onde a criação de emprego será maior que a destruição do mesmo.

O responsável da CIP alerta ainda para o facto de que na zona norte as maiores perdas acontecerão nos têxteis mas, lembra que, o retorno da requalificação é muito elevado, mais de que em outros países. E nesse sentido, garante que "a transformação digital é uma excecional oportunidade para todos nós".

E conclui alertando os participantes do Fórum Bizfeira que "se calhar ainda achamos que estamos na era do conhecimento mas, nós na realidade estamos a viver a era de aprendizagem".

29 visualizações0 comentário

Comentarios


bottom of page