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Violência no namoro uma preocupação emergente e uma realidade cada vez mais frequente


Paula Allen, da APi - Associação Plano i, foi a oradora convidada para falar sobre questões de violência no namoro. Numa organização da Divisão de Educação da Câmara Municipal de S. João da Madeira, em parceria com a Federação Concelhia das Associações de Pais (FECAP), e a colaboração da Associação de Pais da Escola João da Silva Correia, local onde se realizou a iniciativa, foi possível tomar conhecimento, de perto, de uma realidade que começa a ser comum na nossa sociedade, independentemente dos estratos sociais ou níveis de escolaridade. Afinal o que é a violência no namoro? Para a psicóloga Paula Allen, a violência no namoro é uma preocupação emergente. "Não é um fenómeno raro, e não olha a géneros, sendo que tanto há vítimas femininas como masculinas, tal como há agressores masculinos e femininos", referiu.

Habituada a lidar diariamente com casos de violência no namoro, alerta para o impacto que este tipo de ações provoca nas vítimas, que garante ser "bastante destrutivo, independentemente do tipo de violência que é exercido". No entanto, o que preocupa a sociedade são as formas de violência que passam despercebidas, que são socialmente aceites e não vistas como tal. Segundo a psicóloga a violência no namoro divide-se em violência física, onde se assiste ao recurso da força física como forma de controlo e domínio, batendo-se e empurrando-se. Depois existe também a violência psicológica, que passa pela intimidação, humilhação, insulto, perseguição e a invasão de privacidade. Uma terceira forma de violência no namoro é a social, , com a restrição ou impedimento de contacto com outras pessoas e o convívio em atividades de lazer, levando a outra parte ao isolamento social, inclusivamente através das novas tecnologias. Por último a violência sexual, forçando a prática sexual, a exibição de conteúdos de índole sexual sem consentimento, , assédio sexual e a exposição forçada a conteúdos pornográficos. E porque começa a ser frequente a banalização e até a romantização de alguns atos violentos, tornou-se importante alertar para os perigos de relações que possam estar a passar por atos de violência difíceis de identificar. Paula Allen deixou o alerta aos pais presentes na sessão para estarem atentos a alguns sinais, contribuindo para que casos destes não continuem a proliferar na nossa sociedade.


"O agressor não é 24 horas por dia violento, mas o ciclo da violência se encurta cada vez mais, e a fase de lua de mel é cada vez mais pequenina" - Paula Allen

É já em jovens do secundário que a sua preocupação começa a estar focada, onde convive diariamente com diversas situações, que são muitas vezes aceites, e onde assiste à necessidade das vítimas encontrarem desculpas com o intuito de perdoar todo o tipo de violência que enfrentam. Exemplos que passam por um simples "eu goste dele ou dela", chegando a desculpar o facto de estar mais violento, "ou porque está bêbado, ou anda nervoso com os exames, ou está com uma depressão, sempre com o intuito de não acabar com a relação", referiu. Paula Allen fez também referência a questão da posse quando se começa a namorar, mudando todos os hábitos e formas de vestir, só porque agora se tem namorado ou namorada. Neste sentido deu como exemplo o facto de uma menina que usava decotes, "que foram apelativos para o rapaz enquanto não namoravam, mas que agora passaram a ser impeditivos porque namoram", afirmou.

Vários foram os alertas que deixou, lembrando que de uma próxima vez o grau de violência poderá ser muito maior, e que nesse sentido é preciso avisar as vítimas. "O agressor não é 24 horas por dia violento, mas o ciclo da violência se encurta cada vez mais, e a fase de lua de mel é cada vez mais pequenina", alertando para um futuro momento de maior tensão, que pode passar por um ato muito mais violento, "e que pode deixar marcas", afirmou.

Paula Allen é psicóloga e faz parte da Associação Plano i, uma associação sem fins lucrativos, fundada em 2015, no Porto, que se norteia pelo primado dos direitos humanos. Entre os seus vários objetivos destacam-se a promoção da igualdade e o combate à violência doméstica e de género, nomeadamente no contexto de relacionamento de intimidade.


Esta sessão contou com a presença da Vereadora do Pelouro da Educação da Câmara Municipal de S. João da Madeira, Irene Guimarães, que agradeceu a vinda de Paula Allen até à cidade, numa iniciativa que considerou de extrema importância e de uma grande pertinência para pais e filhos.


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